quarta-feira, 24 de abril de 2019

A política do toma-lá-dá-cá no Piauí envolve votos à reforma da previdência




Por Gervásio Santos

Jair Bolsonaro foi eleito defendendo a “nova política” e que cenas como a acima não mais se repetiriam: políticos tradicionais e desavergonhados em negociatas com o governo para trocar seus votos, dentro do Congresso Nacional e do Senado, por cargos e verbas federais. A tal frase “a mamata vai acabar”, de Jair Bolsonaro, era só jogo de cena. Basta ver que Ciro Nogueira (PP/PI), um dos mais citados em escândalos de corrupção no Brasil, é um dos que serão beneficiados pelas nomeações de cargos federais no Piauí, junto com outras raposas políticas bastante conhecidas como Átila Lira (PSB), Iracema Portela (PP), Júlio César (PSD)....

A prática de Bolsonaro é a mesma dos governos anteriores, a do toma-lá-dá-cá. É assim que o governo quer “convencer” os deputados e senadores para a aprovação de medidas duríssimas contra a classe trabalhadora. Um destes ataques é de grande interesse dos banqueiros e grandes empresários: a reforma da previdência, que quer fazer com que os trabalhadores morram sem conseguir se aposentar, ou que se aposentem ganhando uma mixaria.

A reforma proposta pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, na prática, irá acabar com a aposentadoria de milhares de brasileiros e “economizar” R$ 1 trilhão para dar aos banqueiros. Caso a reforma seja aprovada, serão os bancos que, além de arrecadarem mais dinheiro público para o pagamento da questionável dívida pública, vão poder “vender” planos de previdência através de um sistema de capitalização que já se comprovou totalmente prejudicial ao povo de outros países, como o Chile, onde o índice de aposentados indigentes é altíssimo e também, por isso, é alto o número de suicídio entre idosos.

Ou seja, a reforma só é boa para um punhado de grandes empresas e multinacionais, incluindo aí as seis pessoas mais ricas do Brasil, que concentram juntas a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país. Isso é a metade do Brasil. Daí a razão para que o festival de distribuição de cargos e verbas federais esteja ocorrendo sem pudor em todas as regiões do país. Para que a reforma da previdência seja aprovada rapidamente e sem muitas mudanças, Bolsonaro abre o cofre federal e oferece inúmeros cargos aos políticos de todas a nuances políticas (PP, DEM, MDB, PR, PRB). E a maior parte da bancada de parlamentares que faz parte da base de apoio ao governo Bolsonaro também é base aliada de Wellington Dias/PT no Piauí, governador que se destaca nacionalmente em defesa da reforma da previdência que ataca os mais pobres.

Para evitar a aprovação da reforma da Previdência, teremos que construir um calendário de atos e paralisações, como o 1º de maio, que rume para a Greve Geral no país. A classe trabalhadora e o povo pobre precisam tomar as ruas, botar pra fora todos esses salafrários que querem rifar e leiloar nossos direitos e aposentadoria, e assumir em suas mãos os destinos do nosso país. É tarefa das centrais sindicais construir esta greve geral que já vem sendo defendida pela Central Sindical e Popular – CSP Conlutas.


Um Congresso Nacional de vendidos e a cláusula de barreira

Em várias ocasiões, como a da reforma trabalhista de Temer, em 2017, a Câmara dos Deputados e o Senado deram provas de que, em sua maioria, é de políticos vendidos. Não há expressão melhor para descrever os componentes do Parlamento Nacional. Primeiro – ainda candidatos – se vendem para as empresas que financiam suas campanhas. Depois – já no mandato – seguem vendendo os seus votos para aqueles que pagarem mais, o que, por óbvio, nunca é o eleitor que os elegeu.
Estes políticos salafrários são os mesmos que aprovaram uma reforma política que garantirá a eles o monopólio da representação política do país. Eles sabem que cresce a cada dia a revolta da população contra este tipo de prática e este tipo de político. Como garantir, então, a reeleição destes políticos vendidos? Simples, basta inviabilizar os partidos menores e ideológicos que não se deixam levar pela política do vale-tudo eleitoral, como o PSTU. E ao mesmo tempo, fortalecer os mesmos partidos corruptos de sempre, com muito dinheiro do fundo eleitoral, e monopólio do tempo de rádio e tv, e participação em debates nos meios de comunicação.
Ao aprovarem a cláusula de barreira no Congresso Nacional, que penaliza os partidos que não tiverem determinado número de votos, conserva-se o controle da política nas mãos dos mesmos picaretas que hoje controlam o Congresso Nacional. Com a reforma política, buscam impedir que surjam agremiações partidárias que possam ameaçar o controle que tem hoje. A cláusula de barreira tem esta utilidade.
Dizer que a cláusula de barreira vai acabar com o “toma lá dá cá” dentro do Congresso é o mesmo que dizer os responsáveis por esta situação é o PSTU, que nem parlamentares federais têm! E o país inteiro sabe que os grandes responsáveis pela corrupção na política brasileira são os grandes partidos – o PMDB, PT, DEM, PSDB, PP… os mesmo de sempre.
O sistema eleitoral em nosso país é podre, e agora está ainda mais antidemocrático. Por isso, dizemos que as eleições não mudam a vida do povo, e que é preciso fazer uma limpa geral, botar pra fora todo mundo que está aí, de presidente a governadores, passando por deputados e senadores.
O Brasil precisa de um outro tipo de governo, socialista, da classe operária e do povo pobre, que funcione através de conselhos populares, onde a população decide cotidianamente o que deve ser feito no país. Precisamos de uma revolução socialista.

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