terça-feira, 27 de novembro de 2012

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA AGESPISA!


Para melhorar o abastecimento d'água e saneamento básico, é preciso assegurar investimentos públicos, acabar com as terceirizações e combater a corrupção na empresa!

Todos em defesa de uma AGESPISA estatal, pública e de boa qualidade!

Nesse dia 27 de novembro de 2012, o Piauí inteiro foi surpreendido com o anúncio do governo Wilson Martins (PSB) em querer privatizar serviços de tratamento e distribuição de água e de saneamento básico em Teresina. O governo, em seu anúncio, vem chamando essa proposta de terceirização ou subdelegação dos serviços à rede privada, porém o nome dessa política não é outra senão PRIVATIZAÇÃO.

O governo estadual do PSB, conjuntamente com a administração do Partido Progressista (PP), do senador Ciro Nogueira, submeteu, recentemente, toda a capital do Piauí, Teresina, a uma falta de abastecimento de água. Utilizam-se desse colapso para justamente anunciarem a privatização da AGESPISA, com argumento de que não o Estado não tem como garantir o investimento da empresa e fornecer os serviços necessários  de saneamento de água e esgoto à maioria da população teresinense e, nem tampouco, piauiense. Na verdade, o processo de privatização da AGESPISA vem de longe, através das terceirizações e de deliberado sucateamento patrimonial da empresa. Há muitos e muitos anos não se faz concurso público para contratação de servidores da AGESPISA.

As sucessivas administrações estaduais (PMDB, PFL/DEM, PT e PSB) preferiram fazer contratos com empresas privadas, muitas vezes através licitações fraudulentas (e até de dispensa de licitações) para empresas de "amigos", que fazem desde leitura de hidrômetros, aluguéis de veículos e serviços da área fim (obras para fornecimento de água e redes de esgoto). Recentemente, um dos contratos com terceirizadas foi denunciado com graves indícios de irregularidades, envolvendo figuras do Partido Progressista. É um escândalo atrás do outro. Ou seja, historicamente o dinheiro da empresa escoa pelo ralo da corrupção, enquanto a população se revolta com a falta d´água, e os servidores sofrem com arrocho salarial. 

As administrações políticas e corruptas da AGESPISA comprometem o bom andamento e a qualidade dos serviços, no momento em que procuram tão somente utilizar o patrimônio público para favorecimentos políticos-partidários. O PP (Partido Progressista), tendo à frente o Senador Ciro Nogueira, é que hoje comanda a empresa Agespisa. É através dela que este político busca captar votos às suas candidaturas e de seus aliados.

A AGESPISA, que fornece os serviços de coleta, produção, tratamento e distribuição de água para quase todo o Estado do Piauí e, fundamentalmente, para o municipio de Teresina, está necessitando de R$ 800 milhões para investir em seus serviços, garantindo, assim, um serviço de qualidade para a população piauiense.

Recentemente, o governo Wilson Martins pediu empréstimo de R$ 850 milhões junto a bancos, para fazer obras (estradas) que interessam prioritariamente ao grandes empresários do agronegócio, enquanto milhares de piauienses estão sem água em consequência da seca que atinge principalmente o semiárido.

Contudo, os governos federal, estadual e municipais não se dispõem a investir o que devem investir e deixam a população sem água de boa qualidade ou, nos casos recentes, sem uma gota d'água devido às falhas em suas máquinas e bombas de tratamento, por falta de serviços de manutenção preventiva. Tais ausências de investimentos e péssima prestação de serviço não podem, por outro lado, fazer transparecer que a saída para tudo isso seja a privatização desses serviços e da água, elemento essencial para a população. 

Devemos lutar por maior investimento estatal na Agespisa, pelo fim das terceirizações e sermos contrários a qualquer tentativa de privatização dessa empresa, venha de onde vier. O resultado da privatização será tarifas mais caras, piora dos serviços e desemprego de trabalhadores da AGESPISA. 

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), no Piauí, vem a público convocar todos os partidos políticos, entidades sindicais, centrais sindicais e organizações da sociedade civil a se juntarem a essa luta contra a privatização da AGESPISA, e na mobilização em cada bairro da nossa cidade e do Estado, no sentido de barrarmos essa política nefasta à população piauiense, principalmente a mais carente de nosso Estado.

É necessário pressionarmos também o governo Wilson Martins e aliados (PSB, PMDB, PT, PCdoB) pela garantia do acesso aos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos para todos. É preciso garantir os investimentos que forem necessários dos governos federal, estadual e municipal na recuperação da empresa de saneamento de água e esgoto do Estado do Piauí – AGESPISA, que deve ser colocada sob controle dos trabalhadores/as! É preciso ainda que todos os corruptos e corruptores que dilapidaram o patrimônio da AGESPISA sejam presos e que seus bens sejam confiscados. Água é vida! Privatizar é crime!


Teresina, 27 de novembro de 2012
Direção Estadual do PSTU no Piauí

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Fortalecer o dia 20 de Novembro na periferia


Por um 20 de novembro classista e da periferia, de luta e independente dos governos e patrões!


SECRETARIA NACIONAL DE NEGRAS E NEGROS DO PSTU
 


 
 
  Marcha da Periferia denunciou a criminalização dos movmentos sociais, em 2011 em São Luís (MA)


• O dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra surgiu no final da década de 1970, em um contexto de conscientização progressiva do movimento negro, que começou a questionar a história oficial que afirmava o dia 13 de maio de 1888, conhecido como o dia em que a Princesa Isabel libertou os escravos. 

A liberdade do negro, porém, foi uma conquista dessa população através das diversas formas de luta, como insurreições, guerrilhas, suicídios e criação de quilombos. O movimento negro passou a celebrar o dia 20 de novembro como Dia da Consciência, em alusão ao dia em que, Zumbi dos Palmares, líder da principal experiência de resistência coletiva contra a escravidão, foi destruído, em 1695. 

Infelizmente o velho movimento negro hoje aliado aos mais variados governos vem descaracterizando a concepção classista e de luta direta que a data deveria representar. A data é lembrada, na maioria das vezes, de forma despolitizada e superficial. 

Cotas e quilombolas 
As cotas raciais para as universidades públicas foram uma importante conquista, mesmo que parcial, do movimento negro e seus aliados (e não uma “dádiva” do governo, como a história tem sido vendida) que há décadas, literalmente, luta por uma política de cotas. Porém, não temos dúvidas de que esta mudança ainda está muito distante do modelo tanto social quanto racial de universidade que precisamos. Por isso lutamos para que as cotas sejam implementadas e avancem para todas as universidades do país, serviços públicos, órgão de comunicação etc. 

Outro ataque diz respeito ao direito de regulamentação da titulação de terras, que sofre uma ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) impetrada pelo DEM, no Supremo Tribunal Federal (STF).

São 3.554 comunidades quilombolas identificadas pelo governo federal de acordo com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR-2006), pouco mais de 100 possuem o título, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). As comunidades quilombolas e indígenas estão vulneráveis, há constantes conflitos com o setor agrário. O Maranhão é apresentado como líder do ranking de conflitos de terra no país, com 224 registros, ou seja, 23% dos assassinatos. É também “campeão nacional” de ameaçados de morte no campo, com 116 pessoas ameaçadas e sete assassinatos. Em São Luís e nos municípios de Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar várias lideranças estão ameaçadas de morte e despejos forçados. 

Na Bahia, vimos recentemente à ofensiva da Marinha Brasileira em relação ao Quilombo Rio dos Macacos, que foram encurralados dentro de suas próprias sob a ameaça de serem expulsos de suas próprias terras. Este processo se assemelha a situação dos quilombolas da Ilha da Marambaia no Rio de Janeiro.

Em Minas Gerais, com a mobilização e a luta dos quilombolas do Brejo dos Criolos, em setembro de 2011, sob muita pressão, conseguiram que a presidente Dilma assinasse um decreto de demarcação da área em favor dos quilombolas. O que por si só não bastou, pois a inércia do governo em retirar os fazendeiros ocupantes destas terras levou na comunidade a sofrer com a violência e os ataques de seus jagunços, no dia 17 de setembro. Segundo a CPT-MG, no confronto ouve uma pessoa baleada, cinco quilombolas presos e nove estão com mandados de prisão. 

Há ainda conflitos nas terras indígenas com a construção de Belo Monte, além das sistemáticas agressões aos Guarani-Kaiowás.

Há também exemplos do derrame de dinheiro público em favor dos megas eventos, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Assim, os governos têm intensificado a remoção de milhares de famílias que residiam em áreas próximas onde eventos serão realizados, a maioria composta por trabalhadores negros e pobres. 

A essa lista se incorporam “outras medidas” que afetam diretamente a população pobre e negra deste país: violência, encarceramento, internações compulsórias de “dependentes químicos”, extermínio da juventude negra e ocupações militares dos bairros pobres. E para reverter esse quadro é necessário compreendermos esse processo de exclusão capitalista e atuarmos de forma coletiva. Partindo dessa compreensão nasce a proposta de realização da Marcha da Periferia Contra os Despejos Forçados e a Faxina Étnica.

Todos à Marcha da Periferia 
O Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, da CSP – Conlutas, celebra o 20 de novembro em vários estados do país, discutindo o conteúdo de luta direta e a relevância histórica da experiência de Palmares, uma experiência contestadora da ordem escravista que dá sentido a nossa luta contra a nova ordem capitalista que conservou as antigas estruturas racistas. 

A Marcha da Periferia é um grande ato durante a Semana da Consciência Negra, realizado no Maranhão há seis anos, pelo Movimento Hip Hop Quilombo Urbano do Maranhão e, mais recentemente, pelo Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe. No ano passado, a Marcha da Periferia iniciou-se também no estado de São Paulo, e esse ano será realizada pela primeira vez em 10 estados do Brasil.

sábado, 17 de novembro de 2012

Dia de greve geral mobiliza trabalhadores de 23 países da Europa


Greve contra os cortes da troika e a política de austeridade dos governos é forte em Portugal, no Estado Espanhol, e atinge também Grécia e Itália


DA REDAÇÃO
 



• O dia de greve geral unificada na Europa neste 14 de novembro já pode ser considerado um marco na luta dos trabalhadores europeus contra a política de cortes e austeridade imposta pela troika (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia). Inicialmente convocada em Portugal, ela teve adesão no Estado Espanhol e posteriormente na Grécia, que realizou greve parcial de 3 horas, e Itália (que paralisou por 4 horas). O 14-N contou ainda com mobilizações na Inglaterra, França e em pelo menos 23 países do continente.
 
 
  Greve geral parou Portugal nesse 14 de novembro 

Maior greve de Portugal
Em Portugal, a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) estima que o 14-N tenha sido “uma das maiores greves gerais já realizadas” no país. Apesar da outra grande central no país, a UGT, ter se negado a convocar a greve, vários sindicatos da base aderiram à paralisação contra os cortes do governo de Passos Coelho.

Como ocorre tradicionalmente, o setor dos transportes foi a vanguarda da greve, que teve também a participação dos trabalhadores bancários, o que não havia acontecido nas greves anteriores. Os serviços públicos, escolas e universidades também pararam quase que completamente no país. Cerca de 200 vôos foram cancelados devido à greve. Ao final do dia, a polícia reprimiu violentamente os manifestantes que protestavam próximo ao Parlamento.

A greve geral em Portugal ocorre no mesmo dia em que é anunciado o mais novo recorde nos índices de desemprego do país, de 15,8% da população. Entre os jovens (entre 15 e 24 anos), essa situação é ainda mais dramática, atingindo 39% dos portugueses. Apesar disso, o governo aprofunda sua política de cortes e flexibilização de direitos.

Mobilização e repressão 
no Estado Espanhol
O 14-N começou forte também no Estado Espanhol. As centrais sindicais estimam a adesão à greve geral em mais de 75%, o que significa quase seis milhões de trabalhadores de braços cruzados em todo o país. A paralisação atingiu principalmente a grande indústria, com impactos importantes na siderurgia, indústria química e construção. O setor dos transportes e público também parou. Pelo menos 202 vôos foram cancelados. 

A greve geral no Estado Espanhol se enfrentou com a repressão policial, como em Madri e Barcelona, com o saldo de 82 feridos e 34 detidos até o fechamento desse texto.


Repressão a protesto em Madri

Enquanto as centrais sindicais CCOO (Comisiones Obreras) e UGT (Union General de Trabajadores) reivindicam um programa rebaixado, como a convocação de um referendo sobre os cortes e a exigência de uma “negociação” entre o governo de Mariano Rajoy e o congresso, o sindicalismo classista e alternativo se lança à greve exigindo o não pagamento da dívida, o fim dos cortes, não ao pacto social e a “demissão” do governo.

Em Madri, a plataforma "Toma la Huelga" (que reúne grupos como o 15-M e a coordenação do 25-S) fez um chamado para que a greve não se limite aos locais de trabalho, mas para que se ampliem e parem toda a cidade. A convocatória insta ainda o cercamento do Congresso no final do dia.


Estudantes promovem marcha em Roma

Mobilizações estudantis
e repressão na Itália
O dia foi também de fortes protestos na Itália. Milhares de estudantes foram às ruas contra os cortes na Educação em 87 cidades no país. Houve repressão e enfrentamentos com a polícia em cidades como Roma, Turín e Milão.

Apesar das limitações e bloqueios interpostos pelas burocracias das cúpulas sindicais, o 14-N representa a primeira ação de resistência articulado e unificado entre os países da Europa, colocando a resposta dos trabalhadores à crise num novo e inédito patamar.


Fonte: pstu.org.br

terça-feira, 13 de novembro de 2012

14N: Unificar a luta dos trabalhadores na Europa contra os cortes e contra o pagamento da dívida


Greve geral vai parar Portugal, Estado Espanhol, Grécia e Itália


RICARDO AYALA
 


 
 
  Manifestação em Portugal 


• Neste mês de novembro, estamos diante de um fato político de extrema importância na Europa, a convocação da jornada internacional de mobilização feita pela CES (Confederação Europeia de Sindicatos). Além de manifestações em vários países, pela primeira vez na história, uma Greve Geral de 24 horas ocorrerá simultaneamente no Estado Espanhol, Grécia, Portugal, e haverá ainda uma greve de 4 horas na Itália.

Mesmo depois das grandes manifestações do 15S em Lisboa, da greve mineira e do cerco ao Congresso em Madri (25S), que marcaram um “antes” e um “depois” na luta contra os governos dos banqueiros, os ataques aos trabalhadores continuam, aprofundando a catástrofe social. Sem negociação à vista, não houve outro remédio para a burocracia dos CES a não ser convocar a Greve Geral para o dia 14.

Agora, o 14N pode ser um importante marco na construção da unidade internacional dos trabalhadores. Contudo, para isso, não deve ser somente um protesto contra a “austeridade” e sim o primeiro passo no sentido de unificar a reivindicação central que está nas ruas da Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda: “Abaixo os planos de cortes sociais e contra o pagamento da dívida!”

A espiral grega chega a Portugal e ao Estado Espanhol
Nesta semana, o Parlamento grego votará o enésimo corte nos Orçamentos, 13 bilhões de euros, além de privatizações de empresas públicas e de uma nova reforma trabalhista que facilita as demissões. Em contrapartida, o jornalista grego Kosta Vaxevanis publicou uma lista de 2000 magnatas gregos, entre eles dirigentes do partido do governo (Nova Democracia), donos de substanciosas contas na Suíça, fruto da evasão fiscal.

A declaração do jornalista, “os ricos são intocáveis na Grécia”, teve um efeito devastador no governo. Enquanto a burguesia e os dirigentes da ND deixam de pagar impostos, o governo descarrega todos os cortes na população.

O governo enfrentará, nesta semana, a votação no Parlamento completamente desmoralizado, não somente pela sentença judicial que concedeu liberdade a Vaxevanis, como também por uma greve geral de 48 horas que paralisará novamente o país. A crise dos partidos que sustentam o governo de Samaras se aprofunda: a Esquerda Democrática (ruptura do PASSOK com 17 deputados) diz que não votará nas medidas, e o PASOK perde deputados todos os dias.

O relatório que a Troika divulgará no próximo dia 11, depois que o Parlamento confirmar o novo pacote de medidas, acrescenta mais 150 medidas, entre as quais a nova reforma trabalhista e um plano brutal de privatizações. No entanto, mesmo aplicando 100% das medidas de “austeridade”, a “dívida” que hoje é 169% do PIB chegaria a 179% no final de 2013.

É a mesma coisa que acontece em Portugal e na Espanha, que agora entram em uma espiral similar à grega. O Orçamento votado pelo Parlamento Português destina mais de 7 bilhões ao pagamento somente dos juros da dívida, 4,4% do PIB, e a demissão de 50 mil trabalhadores do serviço público.

O Estado espanhol destinará 50% do Orçamento ao pagamento da dívida; enquanto o desemprego se aproxima da cifra recorde de 6 milhões de trabalhadores, ou seja, 1 em cada 4 trabalhadores. Em contrapartida, bilhões de euros serão transferidos aos bancos, para que se livrem dos “ativos tóxicos” resultado da “bolha imobiliária”, enquanto mais de 500 despejos ocorrem a cada dia. Diante dessa catástrofe social só há uma resposta: “Não devemos, não pagamos!”.

O crescimento das lutas e o 14N
A grande manifestação de 15 de setembro em Lisboa, bem como o 25S em Madri, são duas datas fundamentais para compreender o processo que leva à greve do 14N. No caso de Lisboa, o 15S obrigou o governo de Passos Coelho a recuar na ignominiosa medida que aumentava a contribuição da previdência social dos trabalhadores e baixava a dos empresários. Esta vitória do movimento de massas, contudo, não foi obtida com a CGTP na linha de frente das mobilizações, e, depois desta vitória parcial, ocorreram várias greves: como as dos transportes (metrô, ferrovia e ônibus) e, em especial, a dos pilotos e a dos estivadores e trabalhadores das administrações portuárias, que desde o 17 de setembro vêm paralisando os portos portugueses.

Depois do 25S em Madri e do cerco ao Congresso, as greves, em particular do setor de transportes, e as manifestações diárias contra o corte nos salários ampliaram-se. E estes processos de luta imprimiram uma nova dinâmica: ultrapassaram as burocracias sindicais ou as obrigaram a assumir a direção do processo. Mas a resposta de todos os governos é manter todas as medidas intactas para salvar os bancos, em primeiro lugar, os bancos alemães e franceses, e por isso tais governos não recuam

Assim, empurrados pelas iniciativas de greves e mobilizações e sem nenhuma negociação à vista, a burocracia convoca o 14N. Devemos converter essa data em um passo importante e um ponto de apoio fundamental para seguir lutando por um plano de lutas que unifique os países do sul da Europa e derrube todas as medidas de cortes sociais!

A partir de cada local de trabalho, estudo e moradia, a partir das assembleias de preparação da greve, devemos exigir que a greve tenha objetivos claros e seja o primeiro passo no sentido de construir a unidade internacional dos trabalhadores, e deixar claro que a luta que nos unifica neste momento é luta contra o pagamento da dívida, justificativa dos governos para continuar com suas medidas.

Fora Passos Coelho, Rajoy, Monti e Samaras!
A votação do pacote mais brutal na Grécia desde o início da crise colocou na ordem do dia a derrubada do governo Samaras. No entanto, as principais forças políticas, começando pelo Syriza (e também o Partido Comunista), continuam apostando no desgaste do governo com os olhos postos no calendário eleitoral. Enquanto isso, a catástrofe social se aprofunda.

A polêmica sobre a convocação de uma greve geral por tempo indeterminado para derrubar o governo está presente no movimento operário. Vários sindicatos e federações de trabalhadores defenderam sua realização que, no entanto, foi varrida pela aliança do PC com a burocracia sindical. Diante deste fato, o Syriza não se pronunciou e não chamou a derrubada do governo pela ação das massas.

Não existe recuo na política da UE e dos governos a serviço dos banqueiros. As políticas de negociação da dívida e sua reestruturação, defendidas pelo Bloco de Esquerda, pelo PC português e pela Esquerda Unida no Estado Espanhol, significam continuar pagando a dívida. Estes partidos continuam presos aos interesses de cada uma das burguesias de seus países, na medida em que a suspensão do pagamento da dívida implicaria uma suposta saída do Euro.

Estão atados às táticas parlamentares e aos processos eleitorais, quando neste momento o destino de milhões de trabalhadores será decidido nas ruas e nos locais de trabalho, ou seja, por sua luta. Por isso, a consigna da COBAS — “ou sua dívida, ou nós” — deixa claro que não há solução intermediária.

A catástrofe social pode ser detida e para isso é necessário lutar contra o pagamento da dívida, e pela estatização, sem indenização, dos bancos e das principais empresas. Para aplicar esse plano de resgate da maioria da população explorada, devemos lutar por um governo dos trabalhadores, que se apoie na mobilização internacional dos explorados de toda Europa e que rompa com a Europa dos capitalistas na defesa de uma Europa socialista dos trabalhadores e dos povos.

Publicado originalmente no Site da LIT
Tradução: Suely Corvacho
fonte: pstu.org.br

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Guarani Kaiowá conquistam vitória parcial, mas a ameaça continua


Liminar que ordenava despejo de Pyelito Kue foi suspensa, mas as demarcações das terras ainda estão longe de acontecer


RAÍZA ROCHA, DA REDAÇÃO
 


 Agência Brasil
 
  Manifestação em defesa dos Guarani Kaiowá em Brasília no dia 31/10


• A luta do povo Guarani-Kaiowá arrancou uma vitória parcial na Justiça contra o despejo iminente de 173 indígenas que vivem há mais de dez meses acampados na margem do rio Hovy, no Mato Grosso do Sul. Através de uma ação do Ministério Público e da FUNAI, a liminar que determinava a retirada do acampamento da Comunidade Indígena Pyelito Kue foi suspensa. De acordo com a Justiça, os índios podem permanecer no local até que sejam concluídos os estudos etnológicos sobre o território. Em 30 dias, a FUNAI garantiu que apresentará o relatório final sobre as terras que atestam o território como terra indígena. 

No entanto, a demarcação da terra ainda não está garantida. De acordo com o próprio Ministro da Justiça, a homologação deve demorar a acontecer. O relatório pode ser contestado pelos fazendeiros, ou até mesmo pelo Estado e municípios. Nem mesmo podemos afirmar que a ação de despejo não ocorrerá. O recente massacre do Pinheirinho reafirmou que não é possível confiar na Justiça. Na época, apesar de uma decisão da Justiça Federal ter cassado a liminar que determinava a reintegração de posse do terreno, a Justiça Estadual ordenou o despejo, retirando, violentamente, quase 2000 famílias de suas casas.

Certamente os conflitos pela terra continuarão. Hoje, segundo informações do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), outras duas aldeias Guarani – Kaiowá também vivem sob a tensão de um iminente despejo. Em muitas outras, centenas de indígenas vivem confinados em pequenos pedaços de terras, encurralados por pistoleiros, impedidos de ocupar os seus territórios e privados dos serviços públicos mais básicos. Até a demarcação definitiva das terras indígenas, o agronegócio seguirá avançando sobre o território, reduzindo os povos originários ao confinamento em espaços cada vez mais reduzidos.

Encurralados pela omissão do Governo
A homologação das terras é ainda um dos principais entraves para a solução desses conflitos. No entanto, segundo o CIMI, nos últimos 10 anos, durante os governos do PT, apenas duas terras Guarani Kaiowá foram demarcadas. No governo Dilma, até agora, nenhuma terra do segundo maior povo indígena foi homologada. Com a política de privilegiar o agronegócio exportador e os latifundiários, os governos de Lula e Dilma legitimam a atual situação de confinamento e violência contra os povos originários do nosso país. Novos conflitos e novas tragédias poderiam ser evitadas se o Governo Dilma atendesse as reivindicações históricas dos povos indígenas e avançasse nas demarcações das terras. 

Aumentar a solidariedade
A luta dos povos indígenas comoveu o país inteiro, invadiu as redes sociais e mobilizou movimentos sociais em solidariedade. Os protestos vão desde a incorporar o “Guarani Kaiowá” como sobrenome nos perfis do Facebook até a organização de manifestações de rua em diversos cantos do país. No dia 9 de novembro, está previsto atos e atividades por todo o Brasil em defesa dos Guarani Kaiowá.

A vitória completa ainda não está garantida. É preciso intensificar a solidariedade e aumentar a pressão popular para que as reivindicações históricas dos povos indígenas sejam atendidas. 

fonte: pstu.org.br

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Resultado da eleição: Teresina continua nas mãos de grandes grupos privados e da oligarquia


Por Daniel Solon,  ex-candidato a prefeito pelo PSTU


Firmino Filho (PSDB), um velho conhecido no cenário político teresinense pelo autoritarismo e práticas de perseguição, voltará à prefeitura municipal, para a alegria dos especuladores imobiliários e grandes empresários, incluindo os de transportes (SETUT), setor sempre beneficiado nas gestões tucanas.

O desgaste sofrido pelo prefeito Elmano Ferrer (PTB) – que enfrentou com truculência as manifestações estudantis (contra o aumento da passagem de ônibus) e a greve de 87 dias dos trabalhadores da Educação Municipal – teve muita importância na derrota eleitoral do candidato de situação.

O resultado das eleições municipais pode ser analisado como uma demonstração da vontade popular de derrotar às políticas implementadas pelo governo de Elmano Ferrer, que recebeu o apoio direto de Claudino/PTB, Wilson/PSB, Wellington/PT e Ciro Nogueira/PP, odiados por parcela importante da população, em especial pelo funcionalismo público, pela política de retirar direitos, arrochar salários e governar para o agronegócio e grandes empresas. Mas esse resultado está muito longe de ser uma vitória da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre de Teresina.  Na verdade, a eleição de Firmino agradou bastante aos grandes grupos econômicos e pode ser resumida na seguinte frase: "Alguma coisa muda, para que tudo permaneça como está". 

Durante o primeiro turno, denunciamos que havia uma falsa polarização entre Elmano e Firmino, justamente porque eles foram aliados durante muitos anos e defendem um mesmo projeto. Por isso, no segundo turno, nós do PSTU defendemos o voto nulo. Firmino foi prefeito por dois mandatos e representa o retorno da velha política do PSDB, que esteve a frente da prefeitura de Teresina por mais de duas décadas . Os tucanos, que assim como o PTB sempre governaram para os ricos e estavam juntos com oligarcas (Hugo Napoleão/PSD e Heráclito Fortes/DEM) e grandes empresários, seguirão com as mesmas políticas de ataque aos trabalhadores, reprimindo e criminalizando os movimentos sociais, mantendo uma “Teresina privatizada”, que está nas mãos de poucos e cada vez menos acessível à classe trabalhadora e à juventude.

Firmino aproveitou-se de muita propaganda enganosa para passar a ideia de que era contra “o blocão dos poderosos” que se formou no 2° turno, e capitalizou o sentimento de oposição aos governos em Teresina. Nada mais falso! Firmino Filho teve toda sua campanha financiada pelos grandes grupos empresariais dessa cidade, assim como o candidato da situação. Agora Firmino vai ter que acertar as contas com quem o financiou, vai tirar a fantasia de democrático que vestiu e fechará a “fantástica fábrica de promessas” que usou durante toda a campanha eleitoral.

Para favorecer os grandes grupos que financiaram a campanha do PSDB, Firmino continuará com a política de terceirizações, beneficiamento de empreiteiras e isenções fiscais. Para o setor de transporte, promete uma licitação (com cartas marcadas) e tentará passar a ideia de que o problema do setor estará resolvido, sem mexer na boa vida das empresas de ônibus. Ou pior, pode tentar de imediato subir o preço das passagens, caso a juventude e a classe trabalhadora não se mobilizem para barrar novos aumentos.

Índice de abstenção mostrou desgaste dos grupos políticos dominantes

O altíssimo índice de abstenção e de votos nulos/brancos no 2° turno das eleições para prefeito de Teresina mostra o grau de desgaste vivido pelos grupos políticos que dominam há décadas o cenário político local. Mais de 118 mil pessoas (cerca de 23% do eleitorado) não foram às urnas ou votaram nulo ou em branco, no último domingo. 

Muitos ataques virão dos governos Dilma (PT), Wilson e Firmino. Mas os trabalhadores e a juventude de Teresina já provaram que com muita mobilização são capazes de arrancar vitórias dos governos que aí estão.  Para isso é preciso reaglutinar todos os setores que se puseram em mobilização em Teresina, seja aqueles que lutaram contra o aumento das passagens, que participaram de greves recentes do funcionalismo público, dos trabalhadores da iniciativa privada, do movimento popular e daqueles constroem as lutas contra as opressões. 

Para barrar todos os ataques do PSDB e demais governos, o PSTU chama os militantes do PSOL, PCB e ativistas independentes a construir uma unidade em torno de uma Teresina e um Piauí para a classe trabalhadora.

Danilo Gentilli manda tirar vídeo do PSTU do Youtube


Vídeo denunciava racismo de apresentador, que perguntou "quantas bananas você quer pra deixar essa história pra lá" a ativista do movimento negro


DA REDAÇÃO
 


 
 
  Vídeo foi retirado a mando de Gentili, segundo Youtube


• Um vídeo que denunciava as piadas racistas do “comediante” Danilo Gentilli, postado no Youtube peloPortal do PSTU, foi retirado do ar nesta quinta-feira.

Segundo a notificação do Youtube, o vídeo foi retirado devido a reivindicações de direitos autorais de Gentilli. “Recebemos reivindicações de direitos autorais sobre o material que você enviou, como segue: o de Danilo Gentili sobre o vídeo "Quantas bananas vc quer pra deixar essa história pra lá?", afirma o comunicado do Youtube.

Quantas bananas você quer?
O vídeo publicado pelo Portal do PSTU trazia uma entrevista com Thiago Ribeiro, jovem negro de 29 anos que, recentemente, denunciou Gentilli por suas piadas de explícito conteúdo racista. Cansado das piadas sem graça do “comediante”, Thiago Ribeiro postou no Youtube um vídeo com uma coletânea de piadas racistas de Gentili. O vídeo obteve 800 visualizações, inclusive uma visualização do próprio Gentili, que conseguiu tirar o vídeo do Youtube por meio da cláusula de uso de imagem.

Através do seu perfil no Twitter, Thiago interpelou Gentili sobre a proibição do vídeo. A resposta de Gentilli foi pra lá de desprezível: “vamos esquecer isso... Quantas bananas você quer pra deixar essa história pra lá?", escreveu o comediante em seu Twitter. Na sequência, muitos seguidores de Gentilli desataram ataques racistas contra Thiago. Todos eles, inclusive Gentilli, foram denunciados por crime de racismo ao Ministério Público de São Paulo e à Polícia Federal sobre o ocorrido. Também foi realizado um Boletim de Ocorrência na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

Gentilli se utilizou do mesmo expediente para retirar, do youtube, a entrevista de Thiago ao Portal do PSTU. Em três dias de exibição, a entrevista já tinha sido visualizada por mais 4.100 usuários.

Como se não bastasse, para defender suas piadas racistas, Gentilli se apóia no direito à “liberdade de expressão”. O que só pode ser uma piada de mau gosto do “comediante” que não tem o menor escrúpulo em censurar qualquer crítica a algo que mais do que uma simples piada: é crime, tipificado em lei. 

Se você ainda não viu o vídeo, assista aqui sua nova versão. Agora, com a censura imposta por Gentilli.




fonte: pstu.org.br

Travesti é assassinada em Belém e mostra a urgência da aprovação da PL 122


Assassinatos de homossexuais no país batem recorde em 2012; no Pará já foram 10 mortos só em 2012


LÉLIA OLIVEIRA*, DE BELÉM (PA)
 

• Depois de quatro meses de um atentado contra travestis na Travessa Barão do Triunfo com a Avenida Almirante Barroso e que deixou uma vítima fatal, outra travesti é encontrada morta na mata da CEASA, no último dia 28 de outubro. Emerson Moraes Costa, de 18 anos, ou Raica, como era conhecida, teve seus pés amarrados e a cabeça envolvida em papel filme, e recebeu um tiro na nuca e outro nas costas.

Ainda não se sabem as razões que levaram os assassinos a cometerem esse crime, mas a Divisão de Homicídios e a Delegacia de Combate aos Crimes discriminatórios e Homofóbicos trabalharão conjuntamente na investigação para saber se a motivação teve caráter homofóbico ou passional.

Crescimento da violência homofóbica 
De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), o número de assassinatos de homossexuais no Brasil novamente atingiu o ápice em 2012. De janeiro a setembro já são 270 homicídios, demarcando um crescimento da violência contra homossexuais pelo sétimo ano consecutivo.

No Pará, segundo o Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), no ano de 2010 foram registrados dez casos de homofobia. Ano passado, 2011, foram registradas 22 vítimas fatais e em 2012 já passam de dez os casos de violência extrema contra vítimas LGBT.

Esses números dão uma noção do que a ideologia homofóbica é capaz e do porque o PSTU luta pela criminalização da homofobia, pela aprovação do Kit-homofobia e pela garantia de direitos dos LGBT’s (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Todos os dias um LGBT é agredido fisicamente, e as agressões psicológicas são constantes. Não existe Lei Federal que proteja os homossexuais no Brasil e a impunidade é o grande “incentivo” para que os crimes continuem acontecendo. A cada 21 horas um homossexual é morto no Brasil.

O PLC 122/06, que tem por objetivo punir os casos de discriminação que tem por motivação a orientação sexual ou identidade de gênero, foi entregue por sua autora Marta Suplicy (PT) para ser reescrito, justamente por aqueles que incentivam a homofobia: a bancada fundamentalista cristã. Resultado: a nova versão não prevê punição para discursos homofóbicos. Por isso, defendemos a aprovação imediata do PLC 122/06 original, que proíba e puna as práticas homofóbicas, sem concessões do governo aos fundamentalistas, para que casos como esses que vem ocorrendo em Belém não aconteçam. Para que os assassinos de homossexuais sejam criminalizados por sua homofobia. 

•Membro do Comitê Pró Secretaria LGBT do PSTU PARÁ
fonte: pstu.org.br