sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Reforma de Wellington/PT ataca o funcionalismo e afeta serviços públicos

Ciro e Wellington articularam a reforma desde 2018; foto: Portal Política Dinâmica


             Anunciada no final do ano passado e tendo como padrinho o senador Ciro Nogueira (PP), acusado de corrupção em diversos processos, a Reforma Administrativa proposta pelo governo Wellington Dias foi apresentada à Assembleia Legislativa no dia 19/02.
A tão propalada reforma, como já era de se esperar, irá atacar drasticamente o funcionalismo público e a população pobre, além de precarizar mais ainda os serviços públicos e, por outro lado, vai poupar dos cortes financeiros e de suas medidas draconianas os banqueiros, grandes empresários, especuladores e o agronegócio.

A reforma administrativa de WD atacará prestadores de serviço, funcionalismo e a população em geral

As medidas propostas na reforma administrativa, caso aprovadas, resultarão em congelamento de salários, promoções e progressões dos servidores, e no impedimento de realização de concursos e nomeação de concursados em diversas áreas do serviço público, desrespeitando Planos de Cargos e Carreiras e afetando diretamente a população usuária.
Com a demissão de milhares de trabalhadores/as terceirizados previsto no pacote e sem realização de concursos, o resultado será mais desemprego de pais e mães de família, e precarização e superexploração dos funcionários públicos efetivos, que terão que ainda mais serviços, e com salários rebaixados por anos e anos de inflação. Os contratos de empresas terceirizadas que permanecerem vão representar ainda mais arrocho salarial para os trabalhadores. Já os que perderam o emprego, agora terão que lutar para receberem os direitos trabalhistas e também salários atrasados, férias vencidas, além de tíquetes salariais não pagos pelas terceirizadoras.
De acordo com a reforma proposta, o governo extinguirá 19 órgãos e fará a fusão de outros, praticamente desaparecendo. É o caso, por exemplo, da Fundação Cepro (órgão responsável a fomentar pesquisas sobre a realidade socioeconômica no Piauí) que será incorporada à Secretaria de Planejamento. E entre os órgãos que serão extintos estão a do Trabalho e Emprego – a exemplo do governo Bolsonaro - e a do Desenvolvimento Rural – que está relacionada com o desenvolvimento e a consolidação da agricultura familiar e do homem no campo, favorecendo sobretudo ao agronegócio e aos que exploram o trabalho escravo.
O intuito da reforma, segundo o governo petista e seus aliados de plantão, acomodados nos partidos da direita tradicional, é a de realizar uma economia de R$ 300 milhões/ano e a de “enxugar a máquina pública, que anda bastante inchada”. Uma cantilena que os trabalhadores e, principalmente, o funcionalismo estadual já estão cansados de ouvir. Na verdade, serão medidas que auxiliarão o governo a fazer caixa e pagar os banqueiros (juros e encargos da dívida pública) e amenizar a queda de lucros dos capitalistas, em novos contratos de terceirizações e privatizações (através da Parceria Público Privada) e venda de prédios e terras públicas.
A reforma avança para demissões nos órgãos públicos estaduais ao propor uma auditoria e um novo recadastramento na folha dos servidores em geral. E, ainda nessa seara, a reforma propõe revisar toda aposentadoria e pensões do funcionalismo, levando a uma minirreforma previdenciária. Ou seja, o PT e Wellington Dias retribuem os votos que receberam da maioria dos servidores estaduais com um pacote de ataques aos seus emprego, salários, direitos e aposentadorias.

Uma reforma que se propõe fazer caixa para banqueiros e o agronegócio

O PT, na verdade, ao querer aprovar esta reforma administrativa, busca retomar os lucros dos capitalistas, que caiem a cada dia com a crise econômica instalada no país desde 2008, e acumular dinheiro para pagar banqueiros e os grandes empresários, além de fomentar o agronegócio.
A reforma administrativa não é nenhuma novidade. Todos os governos quando passam por uma crise financeira, buscam logo elaborar um plano econômico que, dentre outras medidas, visam congelar os salários, reduzir despesas e “enxugar a máquina”, tudo para manter os lucros dos capitalistas e poder pagar religiosamente as dívidas juntos aos banqueiros, nacionais e internacionais. E, como sempre, a conta dessa crise acaba sendo repassada para os(as) trabalhadores(as), a população pobre e carente e a sociedade em geral, com as precarizações das prestações dos serviços públicos como a saúde, educação e segurança.
Nos 14 anos de administração Wellington Dias, por exemplo, reformas e mais reformas foram sendo realizadas para que as finanças públicas do Estado fossem se readequando às crises. Exemplos disso foi o aumento de 11% para 14% da alíquota de repasse para a aposentadoria estadual, em 2016, e o aumento de impostos e da alíquota de ICMS em diversas mercadorias, como o gás de cozinha, em 2017, além de extinção de diversos órgãos públicos e privatizações, como a mais recente, em parceria com o prefeito Firmino Filho (PSDB), que privatizou o serviço de água e esgoto de Teresina.

Há uma outra saída para a crise: um plano econômico que penaliza os capitalistas e protege os trabalhadores
O governo petista, no Estado do Piauí, caso, realmente, fosse um governo comprometido com a população pobre e com os trabalhadores, proporia outra alternativa para essa crise que vem se desenrolando desde 2008. Apresentaria um plano econômico que viesse atacar os grandes banqueiros, empresários, especuladores e o agronegócio, em vez de prejudicar a classe trabalhadora e a população. Um plano que contemplasse a suspensão da dívida pública, a cobrança dos devedores do Estado e a reforma agrária no campo piauiense. Além disso, poderia cortar mordomias e privilégios dos políticos e juízes, estes sim marajás, que custam muito caro ao estado, com altíssimos salários e regalias como auxílio-moradia, auxílio-paletó etc.
De acordo com dados do próprio governo, fornecidos em seus sítios e plataformas alojados na internet, a divida pública do governo está na casa dos R$ 4 bilhões. Sendo que, a cada ano, o governo envia para os banqueiros uma cifra de R$ 476 milhões apenas de juros e encargos, algo bem maior do que a quantia que o governo propõe economizar com a reforma administrativa (www.sefaz.pi.gov.br/ www.receita.fazenda.gov.br, 2017). É uma dívida questionável (uma auditoria poderia revelar graves irregularidades e desvios de recursos), que tira dinheiro dos serviços públicos essenciais. Por isso, o pagamento de tal dívida deveria ser suspenso imediatamente.
Outra opção do governo seria a cobrança dos devedores do Estado, que, em sua maioria, é composto por grandes empresários. Vários desses empresários, especuladores e empresas ligadas ao agronegócio devem uma quantia bastante razoável ao governo e não pagam. Segundo o próprio governo, através de informações da Secretaria de Fazenda do Estado, no ano de 2015 a dívida ativa do Piauí (dívida que o governo tem a receber junto aos empresários) estava na casa de R$ 4,2 bilhões. Outro número elevado e bem maior do que o que o governo propõe realizar com os ataques aos trabalhadores, ao funcionalismo e à população com a reforma. Em vez de cobrar devedores, o governo constantemente faz perdões de dívidas dos grande empresários e ainda oferece isenção de impostos aos grandes empreendimentos.
Contudo, o governo Wellington Dias (por ser um governo com rabo preso aos capitalistas) não tem disposição para aplicar esse plano alternativo, que resultaria no recolhimento de um montante de dinheiro bem maior do que propõe a reforma administrativa e pouparia o funcionalismo e a população de tanto arrocho e precarização dos serviços públicos. Wellington jamais irá romper com aqueles que patrocinam suas eleições e o sustentam na governabilidade do Estado. Imaginem o PT cobrar uma dívida de quase R$ 300 milhões de grupos empresariais financiadores das campanhas do PT.
Como não quer cobrar a conta da crise perante seus aliados capitalistas, o governo petista ataca o funcionalismo com arrocho salarial e demissões, corta investimentos nos serviços públicos essenciais como educação, saúde e segurança e avança com as privatizações das estatais.

Organizar uma forte resistência à reforma administrativa: retormar o Fórum dos Servidores Públicos do Estado e construir uma forte greve geral

Diante destas medidas de ataques ao funcionalismo, à população e ao serviço público, contidas na reforma administrativa do governo Wellington Dias, não restará aos servidores, à população e aos movimentos sindical e social a não ser organizarem uma resistência unificada e forte contra essa reforma.
É necessário e urgente reorganizar o Fórum dos Servidores Estaduais no Piauí no sentido de construir uma forte luta contra essas medidas, aliada à luta nacional da classe trabalhadora na construção de uma greve geral contra a reforma da previdência e outros ataques promovidos pelo governo federal de Bolsonaro.
É preciso suspender o pagamento da dívida aos banqueiros; acabar com as desonerações fiscais às grandes empresas e bancos; cobrar impostos dos ricos; proibir a remessa de lucros para o exterior; reestatizar a estatais privatizadas, como a Cepisa e Agespisa, sem pagar um tostão de indenização, e colocá-las sob controle dos trabalhadores e das comunidades.
Podemos conquistar esse plano com uma rebelião social dos de baixo e um governo socialista dos trabalhadores, apoiado em conselhos populares.