quarta-feira, 3 de maio de 2017

O dia em que o Piauí parou!


Classe trabalhadora mostrou capacidade de luta e organização para derrotar as reformas

"Isso mostra que cresce a consciência de que é importante continuar nas ruas para não apenas derrotar as reformas, mas também para derrubar o governo e o Congresso que nos atacam"

Em todo o país, o dia 28 de Abril foi marcado como um forte movimento de greves e protestos de trabalhadores e trabalhadoras, povo pobre da periferia e juventude contra as reformas da previdência e trabalhista que ameaçam de morte vários de nossos direitos. No Piauí, tivemos importantes mobilizações de norte a sul do Estado, com destaque para Picos, Piripiri, e Teresina, sendo que na capital piauiense cerca de 15 mil saíram em passeata pelas ruas. Outras cidades no interior do estado, como Parnaíba, Floriano, Corrente, etc.... também registraram mobilizações.

trabalhadores em defesa da moradia
Em Piripiri: trabalhadores em defesa da moradia
O sentimento de unidade entre as várias organizações sindicais e movimentos sociais em torno de bandeiras como “abaixo as reformas” e “em defesa de direitos” e “Fora Temer” possibilitou que milhares de pessoas aderissem à greve e participassem massivamente dos atos públicos convocados. O impacto do movimento modificou a rotina do Piauí, com estradas e avenidas bloqueadas, com bancos, lojas, universidades, escolas, Correios e repartições públicas fechadas. Diversos canteiros de obras e transporte público (ônibus e metrô) também aderiram ao movimento.

Picos: a maior manifestação sindical na história
Em Piripiri, ao norte do estado, diversos lutadores do movimento de moradia e do Luta Popular conseguiram interromper o tráfego na BR-343, uma das principais vias do Piauí, que dá acesso direto entre a capital piauiense e o vizinho estado do Ceará. Já Picos, principal entroncamento rodoviário ao sul do estado, registrou uma grande mobilização envolvendo diversos setores estudantis, populares, e da construção civil em um dos maiores atos da história da cidade – aproximadamente 3 mil pessoas. Em ambas as cidades a construção das mobilizações e paralisações através de comitês de luta foi o que deu a força e a radicalidade necessárias ao sucesso do dia.

Na capital, por meio do Fórum em Defesa da Previdência Pública no Piauí, foi possível a organização e realização de um ato estrondoso no centro. Dos trabalhadores do metrô e do transporte coletivo até os comerciários, dos municipais até os docentes das universidades, toda a cidade parou com a Greve Geral. Além da concentração principal, na praça Rio Branco, foram registrados piquetes na Universidade Federal, bloqueio na principal ponte de acesso ao centro da cidade (esta realizada por lutadores de várias ocupações da cidade, com apoio do Luta Popular) e, de forma mais independente, bloqueios na BR-316 por moradores da região contra as condições precárias de abastecimento de água.


Nas manifestações do dia 28, vimos não somente a disposição da classe trabalhadora em ir pra rua em defesa de direitos. Era bastante evidente a quantidade de pessoas que concordavam com nossas palavras de ordem centrais. Nossos adesivos contendo o “Fora Temer! Fora todos eles! Operários e povo no poder!” fizeram muito sucesso e foram colados em massa. Isso mostra que cresce a consciência de que é importante continuar nas ruas para não apenas derrotar as reformas, mas também para derrubar o governo e o Congresso que nos atacam.

É preciso manter a unidade, mas sem manobras de grupos oportunistas

O Fórum Piauiense em Defesa da Previdência Pública vem cumprindo um papel importante no Piauí, de reunir num mesmo espaço diversas entidades sindicais e populares contra as reformas da previdência e trabalhista. Para a realização da greve do dia 28, o Fórum realizou diversas atividades, incluindo panfletagens em locais de trabalho, paradas de ônibus e mercados públicos. Tal espaço de unidade de ação não poupou esforço em buscar a unidade com outras organizações e frentes, na construção da greve.

No entanto, durante o ato público realizado no centro de Teresina, a coordenação do carro de som principal, que deveria ser feita em acordo com o Fórum e outras organizações, ficou a cargo da Frente Brasil Popular. Tal coordenação centralizou o microfone e, sem seguir a ordem de pessoas inscritas, dava prioridade para que a cúpula de dirigentes ligados à CUT falassem, “furando a fila” de inscrições. Muitos ativistas que construíram o dia 28 através de ações do Fórum não conseguiram fazer falas. Mas deputado estadual de direita, como o Dr. Pessoa (PSD), e os vereadores do PT não tiveram nenhuma dificuldade em usar o microfone do carro de som.

Mas o pior ficou para o encerramento do ato público, na Praça da Liberdade. O palco que deveria ser democrático, e prioritariamente das entidades que construíram a manifestação unitária, acabou sendo tomada pelos dirigentes e parlamentares do PT, dentre eles a senadora Regina Sousa, o deputado federal Assis Carvalho e o ex-vereador Paixão, atual presidente municipal da legenda.

Essa postura de montar “palanque eleitoral” causou grande descontentamento entre os trabalhadores que foram às ruas, sobretudo porque sabem que o PT e seus parlamentares ajudaram os governos Dilma/PT, Wellington/PT a atacarem os trabalhadores e o patrimônio público, como foi o caso da aprovação de leis que restringiram o acesso ao PIS, Seguro Desemprego, Auxílio Doença e pensão por morte ainda no governo federal petista, e as leis de “ajuste fiscal” aprovadas em dezembro na Assembleia Legislativa estadual. Em Teresina, o Wellington está “unha e carne” com o prefeito Firmino/PSDB, e a Lei que na prática agravou o processo de desmonte da Agespisa e privatização dos serviços de água e esgoto foi aprovada com o apoio de toda a bancada do PT na Câmara de Vereadores, incluindo aí o atual presidente do diretório municipal.

Construir a unidade nas lutas

Por isso, é importante que as organizações que compõem o Fórum e ativistas independentes continuem dando a batalha para construir a unidade na luta com todos os que estão de fato interessados em resistir contra as reformas e o governo Temer. Mas com todo o cuidado para que esse importante esforço não seja desviado das ruas para um projeto eleitoreiro e enganoso das frentes que existem para defender o PT e seus governos que atuam junto com o empresariado para atacar os trabalhadores.

Em nível nacional, a Central Sindical e Popular – CSP Conlutas cumpriu importante papel, desde o início, para que a greve do dia 28 fosse possível, em unidade com as demais centrais. Neste momento, a CSP Conlutas insiste na necessidade de se continuar atuando em unidade, apesar das grandes divergências que têm com a CUT, CTB, Força Sindical e outras centrais. O objetivo é fazer avançar a mobilização até que o governo e Congresso corrupto retirem de pauta as reformas que atacam a classe trabalhadora e anulem a lei que permite a terceirização de todo e qualquer tipo de trabalho.

Nós, do PSTU, construímos a CSP Conlutas e defendemos que seja convocada uma nova greve geral, desta vez de 48 horas, para os próximos dias, diante da decisão do governo Temer de desconsiderar o que as ruas estão dizendo sobre as reformas e a terceirização. É preciso fortalecer os comitês de base já criados em defesa da previdência e direitos trabalhistas, e criar mais e mais espaços como estes nos canteiros de obras, escolas, universidades, fábricas.

Somente assim, organizando desde a base das categorias, desde os bairros mais precarizados, poderemos derrubar não só as reformas, mas também todos aqueles que atacam a classe trabalhadora.


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