quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Leia entrevista do candidato ao governo do Piauí pelo PSTU, Geraldo Carvalho, ao Jornal Meio Norte
POR UM GOVERNO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES
ELISABETH SÁ
DE POLÍTICA E JUSTIÇA

Esta é a terceira vez que ele disputa a principal cadeira do Palácio de Karnak. Geraldo Carvalho, 52 anos, professor da Universidade Federal do Piauí, casado, pai de cinco filhos, é filiado ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados, o PSTU, e diz que sua candidatura representa um projeto de transformação social do Estado e do país, na construção de uma sociedade socialista. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, durante 13 anos, chegando a se destacar como militante do PT, ele se desligou da sigla por entender que esta mudou seu programa, sua ideologia.
Não por menos tem como slogan de campanha “Por um Governo Socialista dos Trabalhadores”. Nesta entrevista, a quinta da série de candidatos ao Governo do Piauí, Geraldo Carvalho faz críticas ao modelo implantado na atual administração, fala abertamente, compara, e, até, explica a diferença entre suas propostas e a dos demais candidatos.

Meio Norte - A Educação é base de todo e qualquer Governo que pretende promover o desenvolvimento. O Piauí avançou modestamente neste segmento e os números do Ideb mostram isso. O que o senhor planeja na área para os próximos anos, caso seja eleito.
Geraldo Carvalho - Os números do IDEB mostram exatamente o contrário, a educação pública no Piauí é a pior do país. Para reverter esse quadro é preciso, em primeiro lugar, criar a Conta Específica da Educação, coisa que nem os Governos anteriores nem o atual, do PT/PSB, fizeram, exatamente para burlarem a legislação e não cumprirem a Constituição estadual, que prever a aplicação de, no mínimo, 30% da receita líquida do Estado na Educação. Em segundo lugar, é preciso aumentar o orçamento da Educação, assim, teremos condições de promover um aumento geral nos salários dos profissionais da Educação. Vamos ampliar o número de vagas no Ensino Médio, contratarem mais professores/as e técnicos e aumentar salas de aulas. Vamos dar autonomia à UESPI, com orçamento digno para montar laboratórios e bibliotecas para que ela possa oferecer ensino, pesquisa e extensão com qualidade.

MN – Além da Educação, a Saúde e a Segurança Pública são gargalos na administração pública. Tem como avançar nestas três áreas, paralelamente, para encarar problemas como drogas e violência?
GC – Assim como a Educação, a Saúde sofre um intenso processo de privatização. De um lado o sucateamento da Saúde Pública e, de outro, o desvio dos recursos do orçamento da Saúde para as empresas privadas de saúde. O desmonte do IAPEP não é por acaso, para obrigar os servidores a migrarem forçadamente para os planos de saúde privados. É necessário fortalecer o SUS, dobrar as verbas para a saúde pública e, de imediato, cortar as transferências dos recursos públicos para as empresas privadas de saúde. No quesito Segurança, devemos começar por dissolver as Polícias Militar e Civil e organizar uma Polícia Civil solidária, sob controle da comunidade. Combater o tráfico de drogas e descriminalizar o consumo. Punir exemplarmente corruptos e corruptores no serviço público.
Tudo isso acompanhado de políticas de geração de emprego, como a reforma agrária, a redução da jornada de trabalho e a implantação de um plano de obras públicas.

MN – No Piauí, quando não se fala em cheias, se fala em seca. Um ciclo vicioso que atravessa gerações. Acabamos de ver tragédias como em Alagoas e Pernambuco, com uma cheia devastadora. Na área do meio ambiente, é comum ouvir a expressão “desenvolvimento sustent
ável”, mas não se fala em preservação, por exemplo, dos nossos mananciais, da recuperação de rios, dois pontos que nos remetem à sobrevivência das cidades.

GC - Desenvolvimento sustentável não combina com a atual política dos Governos Lula e Wilson Martins e Wellington Dias. Expansão do agronegócio, carvoarias, instalação de cinco hidrelétricas ao longo do rio Parnaíba. Que tipo de água iremos beber, caso a Suzano Celulose seja instalada em Palmeirais, às margens do rio Parnaíba? Essa política resulta na destruição da mata atlântica, dos cerrados e da caatinga, além da morte do rio Parnaíba.

MN – O Piauí depende, quase que exclusivamente, dos repasses federais. Falta dinheiro, mas também iniciativa no tocante ao empreendedorismo que tem como resultado a geração de emprego e renda. Com relação à promoção do desenvolvimento, a opção do seu Governo seria por grandes empresas ou pequenos negócios?
GC – Investiremos prioritariamente em projetos comunitários, solidários e de cooperação. No campo, por exemplo, temos que incentivar a agricultura familiar, porque é essa atividade que leva alimento para a mesa da população. Para termos a noção do quanto a agricultura familiar é importante para o país, hoje essa atividade produz nada menos que 80% dos alimentos (arroz, feijão, leite, frutas e verduras e outros) que chegam às nossas casas. A falta de incentivo à agricultura familiar é o que causa a alta dos preços dos alimentos. A prioridade de investimentos será no desenvolvimento da criação de pequenos animais, como a caprinocultura e a ovinocultura, além de aves.

MN – O senhor acha que partidos e governantes podem influir para promover grandes reformas que o país necessita como a Reforma Tributária, Política? Ou esse é um problema só do Legislativo?
GC – Esse é um problema dos partidos, dos governos e da sociedade como um todo. Mas, antes de qualquer coisa é necessário perguntar que Reforma Tributária? Que desonere as empresas para aumentar seus lucros ou que desonere os produtos de consumo básico, alimentação, vestuário, material escolar, etc, para que a população trabalhadora possa ter a satisfação de suas
necessidades atendidas? Que Reforma Política? Que concentre mais ainda o poder nas mãos dos banqueiros, grandes empresários e latifundiários como acontece hoje, ou uma reforma que contribua para uma partilha do poder, com uma participação efetivada população na resolução dos seus problemas?

MN – O senhor tem como slogan de campanha “Por um Governo Socialista dos Trabalhadores”. Gostaria que o senhor explicasse.
GC - Um Governo Socialista dos trabalhadores significa colocar em primeiro plano as pessoas e suas necessidades e não as coisas, o lucro e as empresas. Significa investir na agricultura familiar e na reforma agrária e não no agronegócio. Significa investir em saúde e educação públicas para que todos tenham acesso e as mesmas oportunidades e não apenas quem pode pagar. Significa eliminar o déficit habitacional, erradicar a miséria, o analfabetismo e a desigualdade social. Significa a construção de uma sociedade mais justa, solidária e igualitária.

MN - O senhor se candidata pela terceira vez ao Governo do Estado. A sua candidatura seria de oposição, independente, de posição ou radical? Como o senhor define a campanha do PSTU?
GC - O PSTU participa destas eleições para apresentar à classe trabalhadora e à juventude uma alternativa classista e socialista. Temos como princípio a independência de classe. O que significa não aceitar financiamento de empresas e nem alianças com partidos atrelados ao Governo e aos empresários que defendem interesses dos ricos. Fazemos uma campanha dirigida ao povo explorado e oprimido, portanto, somos oposição de esquerda. Estamos construindo um terceiro campo, distinto das candidaturas governistas de Wilson Martins/PSB/
PT/PMDB e JVC/PTB e da oposição de direita Sílvio Mendes/PSDB/DEM.

MN - O senhor já pertenceu ao PT, foi militante da sigla e, hoje, integra o PSTU, que também é uma dissidência do Partido dos Trabalhadores. Como o senhor avalia as candidaturas do governador Wilson Martins, que é aliado do PT, do senador João Vicente Claudino, que foi aliado do PT, e do ex-prefeito Sílvio Mendes que se apresenta como oposição nesta campanha? Pergunto sobre os três porque, segundo pesquisas, são os mais lembrados pelos eleitores.
GC - Não existe diferença essencial entre os três candidatos que você se refere. Pois eles representam o mesmo projeto, a defesa dos interesses dos ricos, em primeiro lugar. A expansão do agronegócio, a privatização dos serviços públicos de Saúde, Educação... Qualquer um dos três que seja eleito vai significar a continuidade da situação atual: desemprego crescente, baixos
salários, desmonte dos serviços públicos, flexibilização dos direitos trabalhistas (terceirizações, precarizações etc). Wilson representa o agronegócio, o Sílvio protege o setor de transporte e da especulação imobiliária de Teresina e o terceiro defende seu próprio Armazém, que tem 30 anos de isenção fiscal e explora a população piauiense em suas empresas.

MN - O senhor considera que tem um adversário de maior peso nestas eleições?
GC – O adversário de maior peso que enfrentamos nesta eleição é o abuso do poder econômico utilizado pelos três candidatos que representam os ricos e poderosos do Estado. De onde vem o dinheiro que eles vão gastar em suas campanhas milionárias? Das empresas, dos bancos e do agronegócio. Por essa razão é que, quando eleitos, governam segundo os interesses dos que financiaram suas campanhas. Aos trabalhadores eles concedem apenas migalhas, como o Bolsa Família e outros programas clientelistas, que contribuem para a perpetuação da miséria em nosso Estado.

MN - Por que o senhor quer ser governador do Piauí?
GC – Não se trata de um projeto pessoal. Nossas candidaturas representam um projeto de transformação social do Estado e do país, na construção de uma sociedade socialista. É portanto, um empreendimento social, coletivo. Nossa campanha está a serviço das lutas da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais urbanos e rurais, sempre associando essas lutas imediatas com o objetivo estratégico, que é a construção de uma sociedade mais igualitária. O PSTU aproveita a campanha eleitoral para denunciar o jogo de cartas marcadas da eleição e convidar o povo explorado e oprimido a se organizar e lutar conosco pela construção de uma nova organização social, fraterna e solidária.

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