sexta-feira, 17 de março de 2017

Depois de altíssimos lucros, com 15 anos sem pagar ICMS, Itapissuma anuncia demissão de 500 trabalhadores no Piauí




Cerca de 500 trabalhadores da fábrica de cimento Itapissuma (Nassau), localizada em Fronteiras-PI, foram sumariamente demitidos. As demissões ocasionam um enorme impacto na vida das famílias atingidas pelas demissões, assim como na situação econômica de toda a região sul do Estado. A empresa contou com 15 anos de isenção fiscal total (100%) do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) até 2015 no Piauí, tempo em que deveria comprovar a contratação de pelo menos 500 trabalhadores, de acordo com o Decreto Estadual nº 11.170, de 30 de setembro de 2003. Agora a empresa dispensou todos os trabalhadores para tentar se favorecer em torno da chamada “guerra fiscal” entre os Estados, utilizando o discurso de “crise econômica” no país para usar os trabalhadores piauienses como “bucha de canhão”.



Agora, com as demissões, a Itapissuma quer pressionar o governo do Piauí para obter mais e mais incentivos públicos (dispensa do pagamento de impostos) sob a ameaça velada de instalar a fábrica de cimento em outro Estado. A empresa, além de não ter pago ICMS por 15 anos, contou com benesses de vários governos, e incluindo benfeitorias das chamadas “obras estruturantes” realizadas com dinheiro público. Tais obras não saíram nada baratas para o conjunto dos trabalhadores piauienses. Elas foram realizadas a partir de empréstimos solicitados pelo governo do Piauí aos bancos, aumentando assustadoramente a questionável dívida pública do Estado. É para pagar tal dívida junto aos banqueiros que o governo vem reduzindo investimentos em serviços públicos, deixando de contratar concursados e realizar novos concursos, e implementando um fortíssimo arrocho salarial ao funcionalismo público.


Depois do anúncio das demissões e ameaça de fechamento da fábrica, o próprio governador Wellington Dias/PT afirmou, há poucos dias que pretende procurar a Itapissuma para oferecer mais e mais vantagens, para que a unidade continue funcionando no Piauí. "A Itapissuma é uma empresa importantíssima e lá atrás, em 2015, a gente fez todo um esforço para concluir o asfaltamento e para garantir energia, uma subestação, ou seja, nós renovamos a política fiscal”, disse Wellington ao portal Meio Norte, no dia 8 de março.


PSTU defende estatização da Itapisssuma, sem indenização, para garantir os empregos


O governo Wellington Dias, ao procurar a empresa para oferecer mais vantagens, não quer outra coisa senão continuar garantindo a altíssima lucratividade da Itapissuma, mantendo a superexploração dos trabalhadores, a título de “salvar empregos”. Na verdade, Wellington e demais governadores estaduais envolvidos na “guerra fiscal” não estão preocupados com a vida dos trabalhadores demitidos. Os governantes que estão aí querem mesmo é continuar sendo beneficiados pelas empresas, através do recebimento de financiamentos de campanhas eleitorais, sejam elas feitas dentro da “lei” ou em Caixa 2, como temos acompanhado no que é divulgado constantemente sobre as investigações da operação “Lava Jato”.


É importante lembrar que os empregados da Itapissuma chegaram a realizar greve, nos meses anteriores ao anúncio de fechamento da fábrica, porque os salários estavam atrasados, e outros direitos trabalhistas também estavam sendo desrespeitados. E onde estava o governo do Piauí, quando os trabalhadores viveram este drama de trabalhar, mas sem receber o salário?

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) repudia firmemente a decisão da Itapissuma em demitir os funcionários da fábrica no Piauí. Não aceitamos o falso discurso da “crise econômica” para tentar justificar as demissões. 

Os trabalhadores não podem pagar por uma crise que não criaram. E além disso, ao longo dos anos, a Itapissuma fez um enorme caixa, com altíssima lucratividade, obtido da superexploração dos trabalhadores, com salários baixíssimos, e com o benefício de não pagamento do ICMS por 15 anos. Só isso já justificaria a estabilidade no emprego dos trabalhadores.

Em vez de o governo do Estado, mais uma vez ceder incentivos fiscais à Itapissuma, o que deveria ser realizado é uma estatização da fábrica e das jazidas de minério da região, e que os próprios trabalhadores gerenciem este patrimônio. Só assim, os trabalhadores não mais serão reféns na “guerra fiscal”, terão garantia de emprego e salários justos, beneficiando economicamente também a situação de toda a região que hoje se vê afetada com o fechamento da fábrica. Exigimos, de imediato, reintegração imediata de todos os trabalhadores demitidos e a estatização da empresa! 

Construir a greve geral

A luta pela estatização da Itapissuma no Piauí também se localiza no contexto da necessidade dos trabalhadores piauienses em geral combaterem o avançado processo de privatização dos serviços públicos desencadeado pelo governo do PT e do PMDB (Temer) e também de Firmino/PSDB, através das Parcerias Público Privadas (PPPs),  

É preciso defender a Agespisa e a Cepisa (Eletrobrás Piauí) contra as privatizações, e ao mesmo tempo fazer a luta contra os ataques que Temer (com o apoio de Wellington e Firmino/PSDB) querem nos impor, como as reformas da previdência e trabalhista. É necessário construir a greve geral em defesa de direitos e empregos.

Fora Temer! Fora todos os corruptos!

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