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Operação da PF na Seduc. Crédito da foto: Piauí Hoje |
Durante muitos anos, antes de chegar ao poder, o PT tinha
como eixo a “ética na política”. Hoje, após 14 anos que passou à frente do
poder federal e atrelado ao poder estadual do Piauí, nem cita mais esse tema.
Depois dos escândalos do mensalão e da Lava-Jato, mesmo seus apoiadores sabem
que o PT é igual aos partidos tradicionais de direita quanto à corrupção e em outros quesitos. E nesta semana, mais
precisamente no dia 02 de agosto, a forte suspeita de corrupção e de desvio de
dinheiro público marcaram presenças, mais uma vez, na história do Partido dos
Trabalhadores, no estado do Piauí, sendo alvo de operação policial.
A Polícia Federal ocupou o prédio da Secretaria de Educação
do Estado do Piauí (Seduc), que até recentemente era administrada pela deputada
federal Rejane Dias, esposa do governador Wellington Dias, ambos do PT, com o
fim de desarticular organização criminosa responsável por fraudar licitações e
desviar recursos públicos destinados à prestação de serviços de transporte
escolar ao Governo do Estado do Piauí, custeados por recursos federais. Segundo cálculo da PF, o rombo destas fraudes e
corrupções, dentro da Seduc-PI, ultrapassa R$ 119 milhões.
Escândalos de corrupção em série
Ao chegar ao poder, federal e estadual, o PT
adotou o mesmo clientelismo e relações promíscuas com os grandes partidos e com
as empresas e bancos. O governo Wellington não fugiu à regra. É o que mostra os
apoios que seu governo tem dos partidos como MDB de Michel Temer e o PP de Ciro
Nogueira, figuras e organizações envolvidas em vários processos de corrupções. Os
casos da Lava a Jato, envolvendo vários membros deste partido, e esse caso de
fraudes e desvios de dinheiro público na Seduc, que envolve o governador e sua
esposa, mostram o quanto o PT está adaptado às práticas de corrupção do Estado
capitalista.
Corrupção
e capitalismo andam de mãos dadas
A resposta para entender por que o governo do PT está
metido com casos de corrupções tanto quanto os governos do MDB e PSDB está na
relação do partido com o Estado. O PT fez uma opção política: administrar o
Estado capitalista e fazer parte de tudo que está aí. O resultado não poderia
ser diferente.
O capitalismo ampliou e sofisticou a máquina burocrática do Estado. A alta
burocracia é a representante direta do interesse geral dos patrões que usam
todas as armas que dispõem para manter e ampliar seus negócios. Assim a
corrupção do governante que administra os negócios do Estado é parte carnal do
sistema. É o resultado de um sistema em que o contrato ganho por uma empresa
significa o prejuízo de outra. As terceirizações, as tais Parcerias Público
Privadas (PPPs), e outros processos de privatização de empresas públicas faz
parte desta lógica de corrupção, assim como os “grandes projetos” financiados
pelo Estado para infraestrutura do agronegócio, a partir do endividamento
público. A política de endividamento do Estado feita principalmente por
Wellington resultou no comprometimento do cofre estadual para a dívida pública (quase
4 bilhões de reais), favorecendo os banqueiros e impedindo investimentos nos
serviços públicos. E a entrega das estatais (Agespisa, Ceasa) para os lucros
dos grandes grupos empresariais, são a cópia do modelo entreguista de Temer, como
o caso mais recente da privatização da Cepisa.
Ao longo de sua história, o PT dizia que acabaria com a
corrupção. Bastaria votar no partido que o sistema mudaria. Quem mudou, porém,
não foi o sistema, mas o PT. Seus dirigentes tomaram a frente dos mais altos
cargos do Estado e mudaram de vida. Começaram a ter privilégios, ganhar altos
salários e a se relacionar com grandes empresários, ávidos em abocanhar
contratos com o Estado. Na prática, os dirigentes do partido estavam adotando o
modo de vida típico dos patrões e dos altos funcionários do Estado capitalista.
Daí para a corrupção, foi um pulo.
O vale-tudo das eleições
A política eleitoralista do PT também levou o partido à
corrupção. A lógica de eleger e reeleger a cada eleição um maior número de
parlamentares, prefeitos, governadores etc. fez com que o partido jogasse as
regras do jogo. Nas eleições, são as empresas privadas que financiam a
campanha eleitoral dos grandes partidos. Na sequência, empresários, banqueiros
e latifundiários cobram a fatura e exigem contratos com a administração pública
em troca de novos financiamentos de campanha. É desse jeito que os direitos dos
trabalhadores são negociados e leis em favor dos ricos são aprovadas. Essas são
as regras do jogo da democracia burguesa, na verdade uma democracia para os
ricos e corruptos e uma ditadura para os trabalhadores.
Um novo
projeto é preciso
O descrédito nos políticos é imenso. As operações da Lava a
Jato e a recente “Operação Topique”, na Seduc, desnudaram, inclusive, um lado
que muitas vezes ficava escondido nos escândalos: o corruptor. Nas denúncias
que têm vindo à tona no caso da Lava a Jato e, agora, da “Topique”, o papel dos
grandes donos de empresas é escancarado. São empresários subornando políticos e
funcionários do governo para obter licitações fraudulentas, desvio de dinheiro
público e outras maracutaias. As denúncias trazidas à tona pela polícia federal
na Seduc e que marcam o governo Wellington Dias (PT) mostram o verdadeiro
balcão de negócios em que o Estado é transformado para favorecer grandes
empresários, banqueiros e políticos corruptos.
Não existe nenhuma possibilidade de "transformar" o
sistema capitalista e acabar com a corrupção, pois esse sistema se caracteriza
pela exploração e opressão da maioria para garantir os lucros e privilégios de
uma minoria de poderosos. Isso só vai ocorrer quando a classe operária se
levantar contra os exploradores e tomar o poder e construir seu próprio Estado.
Com suas formas de governo, conselhos operários, onde as decisões sejam tomadas
democraticamente pelos trabalhadores.
Somente a mobilização e a rebelião da classe trabalhadora, os
principais interessados no fim da corrupção, podem dar um basta nessa
roubalheira e avançar em outras medidas que superem esse sistema capitalista
corrupto.
O programa que defendemos para acabar
com a corrupção
O PSTU defende a prisão de corruptos e corruptores, confisco
de seus bens e afirma que a corrupção e o capitalismo "andam de mãos
dadas".
Os políticos devem receber um salário médio de um trabalhador
comum e seus mandatos devem ser revogáveis, ou seja, que a população possa
tirar a qualquer momento os que ocupam os cargos públicos. Quem não cumpre suas
promessas e se envolve em escândalos de corrupção deve ser afastado. Quanto aos
corruptos e corruptores, é preciso exigir prisão e confisco dos seus bens.