Classe trabalhadora
mostrou capacidade de luta e organização para derrotar as reformas
 |
"Isso mostra que cresce a consciência de que é importante continuar nas ruas para não apenas derrotar as reformas, mas também para derrubar o governo e o Congresso que nos atacam" |
Em
todo o país, o dia 28 de Abril foi marcado como um forte movimento de greves e
protestos de trabalhadores e trabalhadoras, povo pobre da periferia e juventude
contra as reformas da previdência e trabalhista que ameaçam de morte vários de
nossos direitos. No Piauí, tivemos importantes mobilizações de norte a sul do
Estado, com destaque para Picos, Piripiri, e Teresina, sendo que na capital
piauiense cerca de 15 mil saíram em passeata pelas ruas. Outras cidades no
interior do estado, como Parnaíba, Floriano, Corrente, etc.... também
registraram mobilizações.
 |
Em Piripiri: trabalhadores em defesa da moradia |
O sentimento de unidade entre as várias organizações sindicais e
movimentos sociais em torno de bandeiras como “abaixo as reformas” e “em defesa
de direitos” e “Fora Temer” possibilitou que milhares de pessoas aderissem à
greve e participassem massivamente dos atos públicos convocados. O impacto do
movimento modificou a rotina do Piauí, com estradas e avenidas bloqueadas, com
bancos, lojas, universidades, escolas, Correios e repartições públicas
fechadas. Diversos canteiros de obras e transporte público (ônibus e metrô)
também aderiram ao movimento.
 |
Picos: a maior manifestação sindical na história |
Em Piripiri, ao norte do estado, diversos lutadores do movimento
de moradia e do Luta Popular conseguiram interromper o tráfego na BR-343, uma
das principais vias do Piauí, que dá acesso direto entre a capital piauiense e
o vizinho estado do Ceará. Já
Picos, principal entroncamento rodoviário ao sul do estado, registrou uma
grande mobilização envolvendo diversos setores estudantis, populares, e da
construção civil em um dos maiores atos da história da cidade – aproximadamente
3 mil pessoas. Em ambas as cidades a construção das mobilizações e paralisações através de comitês de luta foi o que deu a força e a radicalidade necessárias
ao sucesso do dia.
Na
capital, por meio do Fórum em Defesa da Previdência Pública no Piauí, foi
possível a organização e realização de um ato estrondoso no centro. Dos trabalhadores
do metrô e do transporte coletivo até os comerciários, dos municipais até os
docentes das universidades, toda a cidade parou com a Greve Geral. Além
da concentração principal, na praça Rio Branco, foram registrados piquetes na
Universidade Federal, bloqueio na principal ponte de acesso ao centro da cidade
(esta realizada por lutadores de várias ocupações da cidade, com apoio do Luta
Popular) e, de forma mais independente, bloqueios na BR-316 por moradores da
região contra as condições precárias de abastecimento de água.
Nas
manifestações do dia 28, vimos não somente a disposição da classe trabalhadora
em ir pra rua em defesa de direitos. Era bastante evidente a quantidade de
pessoas que concordavam com nossas palavras de ordem centrais. Nossos adesivos
contendo o “Fora Temer! Fora todos eles! Operários e povo no poder!” fizeram
muito sucesso e foram colados em massa. Isso mostra que cresce a consciência de
que é importante continuar nas ruas para não apenas derrotar as reformas, mas
também para derrubar o governo e o Congresso que nos atacam.
É preciso manter a unidade, mas sem manobras de grupos
oportunistas
O
Fórum Piauiense em Defesa da Previdência Pública vem cumprindo um papel
importante no Piauí, de reunir num mesmo espaço diversas entidades sindicais e
populares contra as reformas da previdência e trabalhista. Para a realização da
greve do dia 28, o Fórum realizou diversas atividades, incluindo panfletagens
em locais de trabalho, paradas de ônibus e mercados públicos. Tal espaço de
unidade de ação não poupou esforço em buscar a unidade com outras organizações
e frentes, na construção da greve.
No
entanto, durante o ato público realizado no centro de Teresina, a coordenação
do carro de som principal, que deveria ser feita em acordo com o Fórum e outras
organizações, ficou a cargo da Frente Brasil Popular. Tal coordenação
centralizou o microfone e, sem seguir a ordem de pessoas inscritas, dava
prioridade para que a cúpula de dirigentes ligados à CUT falassem, “furando a
fila” de inscrições. Muitos ativistas que construíram o dia 28 através de ações
do Fórum não conseguiram fazer falas. Mas deputado estadual de direita, como o
Dr. Pessoa (PSD), e os vereadores do PT não tiveram nenhuma dificuldade em usar
o microfone do carro de som.
Mas o pior ficou para o encerramento do ato público, na Praça da
Liberdade. O palco que deveria ser democrático, e prioritariamente das
entidades que construíram a manifestação unitária, acabou sendo tomada pelos
dirigentes e parlamentares do PT, dentre eles a senadora Regina Sousa, o
deputado federal Assis Carvalho e o ex-vereador Paixão, atual presidente
municipal da legenda.
Essa
postura de montar “palanque eleitoral” causou grande descontentamento entre os
trabalhadores que foram às ruas, sobretudo porque sabem que o PT e seus
parlamentares ajudaram os governos Dilma/PT, Wellington/PT a atacarem os
trabalhadores e o patrimônio público, como foi o caso da aprovação de leis que
restringiram o acesso ao PIS, Seguro Desemprego, Auxílio Doença e pensão por
morte ainda no governo federal petista, e as leis de “ajuste fiscal” aprovadas
em dezembro na Assembleia Legislativa estadual. Em Teresina, o Wellington está
“unha e carne” com o prefeito Firmino/PSDB, e a Lei que na prática agravou o
processo de desmonte da Agespisa e privatização dos serviços de água e esgoto
foi aprovada com o apoio de toda a bancada do PT na Câmara de Vereadores,
incluindo aí o atual presidente do diretório municipal.
Construir
a unidade nas lutas
Por isso, é importante que as organizações que compõem o Fórum e ativistas independentes continuem dando a batalha para construir a unidade na luta com todos os que estão de fato interessados em resistir contra as reformas e o governo Temer. Mas com todo o cuidado para que esse importante esforço não seja desviado das ruas para um projeto eleitoreiro e enganoso das frentes que existem para defender o PT e seus governos que atuam junto com o empresariado para atacar os trabalhadores.
Em
nível nacional, a Central Sindical e Popular – CSP Conlutas cumpriu importante
papel, desde o início, para que a greve do dia 28 fosse possível, em unidade
com as demais centrais. Neste momento, a CSP Conlutas insiste na necessidade de
se continuar atuando em unidade, apesar das grandes divergências que têm com a
CUT, CTB, Força Sindical e outras centrais. O objetivo é fazer avançar a
mobilização até que o governo e Congresso corrupto retirem de pauta as reformas
que atacam a classe trabalhadora e anulem a lei que permite a terceirização de
todo e qualquer tipo de trabalho.
Nós,
do PSTU, construímos a CSP Conlutas e defendemos que seja convocada uma nova
greve geral, desta vez de 48 horas, para os próximos dias, diante da decisão do
governo Temer de desconsiderar o que as ruas estão dizendo sobre as reformas e
a terceirização. É preciso fortalecer os comitês de base já criados em defesa
da previdência e direitos trabalhistas, e criar mais e mais espaços como estes
nos canteiros de obras, escolas, universidades, fábricas.
Somente
assim, organizando desde a base das categorias, desde os bairros mais
precarizados, poderemos derrubar não só as reformas, mas também todos aqueles
que atacam a classe trabalhadora.